sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Teatro: Os três porquinhos

Narrador: Era uma vez três porquinhos, que viviam muito felizes. O mais velho se chamava Bolão, o segundo se chamava Bolacha e o menor era o Bolinha.
(Entram os três porquinhos chutando uma bola. Algazarra.)
Bolacha: Agora é pra mim, Bolão!
Narrador: Os dois porquinhos fingem que não escutam Bolacha falar e ele se irrita.
Bolacha: Ei, vocês não vivem falando pra eu fazer ginástica?
Bolão: Ô gente, vocês ficaram sabendo a última do lobo?
Bolinha: O que aconteceu?
Bolão: Ah, Bolinha! Dizem que tem um mês que ele não põe nada na boca.
Bolacha: Por quê? Perdeu a dentadura?
Narrador: Os três caem na risada.
Bolão: Não é nada disto! É que o último leitão que ele comeu o deixou com uma baita indigestão!
Narrador: Bolacha fica tremendo de medo só de ouvir falar no lobo.
Bolacha: Agora perdeu a graça! É só falar nesse lobo e parece que tomei uma descarga elétrica. Cruz credo !!!
Bolinha: Mas sabe que é até bom? Agora ele muda de gosto e vai comer só verduras: espinafre... alface...
Narrador: Bolão leva um susto enorme, que fica até pálido.
Bolão: Olha lá, gente, falando no bicho ele aparece... Vamos esconder!
Narrador: Os três porquinhos escondem e aparece o lobo.
Lobo: Nesta altura do campeonato, aqueles três idiotas já devem estar sabendo da notícia que mandei espalhar... Dona Fifi, a rainha da fofoca, é mesmo formidável...
Narrador: O lobo dá uma gargalhada e os três estremecem de medo.
Lobo: Está para nascer o porco, o porquinho ou o porcão que vai me dar indigestão. Em se tratando de porco, um é pouco - dois ainda é pouco - dois ainda é pouco e três pouco demais! (O lobo mede o tamanho do porco com palmos). Nesta barriga elástica cabem pelo menos três porquinhos. O gostinho é sempre o mesmo... Ah! Ah! Ah! Agora, mãos à obra...
Narrador: O lobo sai esfregando as mãos, com ares de maldade. Os porquinhos ouvem tudo e Bolinha fica amarelo de medo.
Bolinha: Minha Nossa Senhora dos Aflitos! Estamos assados!
Narrador: Bolacha tenta acalmar seu irmão.
Bolacha: Calma Bolinha, pra tudo tem um jeito!
Bolão: Eu tenho uma idéia, mas vou avisando que dá trabalho...
Os dois: Ah, essa não! Lá vem o Bolão tocar serviço na gente de novo.
Bolão: Então tudo bem... Se preferem ser cardápio de lobo, não posso fazer mais nada. Não falo mais no assunto.
Narrador: Os dois porquinhos ficam curiosos pra saber qual é a idéia de Bolão.
Os dois: Não! Então conta. Começou, agora conta. Conta.
Narrador: Bolacha se ajoelha aos pés de Bolão pedindo para ele contar a idéia que teve.
Bolão: Está bem, pessoal, mas parem de bagunça, senão...
Os dois: O lobo vem!
Narrador: Os dois porquinhos ficam ansiosos e impacientes, esfregando as mãos.
Bolão: É o seguinte, acho que a gente podia construir uma casa de tijolo, bem forte. Assim, a gente estaria protegido do lobo para sempre!
Narrador: Bolacha e Bolinha ficam desanimados com a trabalheira.
Bolacha: Eu sabia! Tinha serviço no meio... Eu prefiro construir minha casa sozinho. Cada um tem um gosto, um tipo de decoração. Além disso, quero algo que seja rápido e prático, sem muito esforço.
Bolão: De que vai ser sua casa então, Bolacha?
Bolacha: De palha, claro! E ainda vai sobrar um tempão pra eu me divertir.
Bolinha: Sendo assim, eu construo a minha também. Só que vai ser de pau. É forte. A construção é mais ou menos rápida, mas em compensação vai sobrar tempo pra eu brincar bastante.
Narrador: Bolão fica zangado com a preguiça dos dois.
Bolão: Vocês não querem nada com dureza, heim? Então eu construo a minha de tijolo mesmo. A construção é demorada, mas tem total segurança, pois é à prova de ventos fortes, tempestades e lobo faminto! Então vamos.
Narrador: Saem os três porquinhos e entra o lobo.
Lobo: Ai que fome! Acho que estou com desejo de comer porquinhos limpos e bem tratados! Com um limãozinho e aquela pinguinha... Ai... minha boca já está enchendo de água. Ah! Vou procurar a casa do Bolacha, pois a Dona Fifi, a rainha da fofoca, me contou que a casa dele já está pronta e é uma beleza... Mas, com certeza, não é à prova de sopro...
Narrador: O lobo sai dando gargalhadas. Enquanto isso, Bolacha termina sua casa.
Bolacha: Pronto, está uma beleza! Fico encabulado comigo mesmo, como posso ser tão esperto!
Narrador: Bolacha começa a brincar de amarelinha. O lobo aparece.
Lobo: Hum... Bom dia, porquinho...
Narrador: Bolacha fica amarelo de tanto susto!
Bolacha: B... B... Bom dia... Socorro! Ai meu Deus, me ajude, que fria!
Narrador: Bolacha entra correndo para dentro de casa e o lobo fica furioso, com muita raiva.
Lobo: Saia já daí! Ou eu lanço a sua casa pelos ares, ou pelo chão... ou pelos lados... Não importa... Saia e não me irrite!
Bolacha: Você está doido, seu lobo! Não fique achando que eu estou com medo do senhor. Não... Eu apenas assustei um pouco... Faça o que quiser, minha casa ninguém derruba!
Narrador: Bolacha dá uma de corajoso, mas de tanto medo faz o nome do pai.
Lobo: Ah, é?
Narrador: O lobo sopra três vezes. A casa cai e Bolacha sai correndo até a casa de bolinha, que está varrendo a porta da casa. Bolacha chega apavorado, quase colocando o coração pela boca.
Bolacha: Socorro, Bolinha! O lobo vem aí para comer nós dois!
Bolacha: Corre aqui que eu dou uma cacetada nele. (Mostra a vassoura).
Narrador: Bolinha vê o lobo e fica apavorado.
Bolinha: Socorro! Ai, ai, ai, será que minha casinha vai resistir?
Narrador: Os dois correm pra dentro da casinha, enquanto o lobo se aproxima.
Lobo: Saiam os dois daí ou arrebento esta casinha de brinquedo!
Narrador: Bolinha fica furioso.
Bolinha: Olha aqui seu lobo, o senhor deixa de ser atrevido, casinha de brinquedo é a sua pança!
Lobo: O quê? Pois vocês vão ver...
Narrador: O lobo sopra. A casa cai e os dois saem correndo e o lobo atrás. Eles chegam à casa de Bolão, que estava com um balde de água.
Bolinha: Socorro, Bolão, nos salve!!! Seja forte e valente...
Bolacha: Mostre seus dentes pro lobo!
Bolão: Deixem de prosa, vamos já para dentro. Bolacha, morne a água e você Bolinha, pegue sabão em pó.
Os dois: Pra que isto?
Bolão: Andem logo, não temos tempo a perder!
Narrador: O lobo aparece faminto e com muita raiva!
Lobo: É demais pra mim... Três em um! Três porquinhos bem tratados e uma casa como herança! Só pode ser um presente de natal antecipado! Saiam já daí ou eu derrubo essa porcaria!
Narrador: Os três porquinhos cantam fazendo uma ciranda!
Os três: Daqui não saio, daqui ninguém me tira!
Lobo: Vocês querem me irritar, não é?
Os três: Que é isso, seu lobo! Lobo bobo! Lobo bobo!
Bolacha: Cara de ovo!
Bolinha: Seu narigudo!
Lobo: Isso já é demais! Vou usar meu super sopro e vocês vão ver...
Narrador: O lobo sopra forte e nada. Fica sem graça e sopra de novo. Nada. Aparece uma mão chamando e o lobo a segue. Ouvem-se gritos e gargalhadas.
Lobo: Banho não! Socorro! Eles querem me matar... Tenho alergia a bucha e sabão... Banho não! Tudo menos sabão.... Banho não! Nunca mais volto aqui, estes porquinhos são doidos... sistemáticos. Têm mania de limpeza! Cruz credo! Socorro!
Narrador: Os três porquinhos fizeram uma ciranda e tiraram o maior sarro da cara do lobo. Ele tomou um balde de água na cabeça e saiu correndo pela floresta.
Bolinha: Tão grande!
Bolacha: Tão medroso!
Os três: Tão bobo!
Narrador: Cansado, o lobo desistiu. Os três porquinhos se livraram de uma vez por todas do lobo e foram felizes para sempre.

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