terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O arco íris

A história de Iaçá


A bela índia, da tribo dos caxinauás, apaixonou-se por Tupá, filho do deus supremo Tupã.
Com muita inveja de Tupá, o demônio Anhangá resolveu tomar sua noiva. Para isso, propôs à mãe de Iaçá que impedisse o casamento da filha, dando-lhe caça e pesca abundantes para o resto da vida.
Interesseira, a mãe de Iaçá proibiu-a de ver Tupá e marcou o casamento da filha com Anhangá.
Triste e desesperada, a jovem não tinha outra saída, mas pediu a Anhangá que deixasse ver Tupá pela última vez, nem que fosse de longe. Ela sabia que, depois de casada, teria que ir para o interior da terra, para o inferno, onde morava Anhangá, e nunca mais poderia chegar perto de Tupá, que vivia no céu, junto com seu pai, Tupã.
Anhangá resolveu atender ao pedido da moça, mas com uma condição: ela teria que fazer um corte em seu braço para que o sangue pingado fosse um rastro em sua subida ao céu; desse modo, o demônio poderia acompanhar sua caminhada.
No dia do seu casamento, pouco antes da cerimônia, Iaçá partiu para sua última visita a Tupá. E o sangue de seu braço foi formando um arco vermelho no céu.
Tupá, que era muito poderoso, mandou que o sol, o céu e o mar fizessem companhia à jovem em sua viagem, descrevendo outros três rastros ao lado do risco vermelho para confundir Anhangá. O sol, Guaraci, traçou um arco amarelo; o céu, Lauca, um arco azul-claro; e o mar, Pará, um arco azul-escuro.
Iaçá, porém, não conseguiu chegar ao céu, nem ver Tupá. Muito enfraquecida, foi caindo lentamente em direção da terra. Seu sangue misturou-se primeiro com o traçado amarelo de Guaraci formando um rastro laranja, e depois com o arco azul de Lauca, descrevendo outro rastro violeta.
Quando chegou à terra, Iaçá não foi para o inferno, nem se casou com Anhangá. Morreu numa praia, banhada pelo mar e pelos raios de sol. De seu corpo, subiu ao céu um arco verde, formado pela mistura do azul do Pará com o amarelo de Guaraci. Era o sétimo arco que acompanhava a trajetória dos seis anteriores.
É por isso que o arco-íris tem sete cores e sempre aparece no céu em forma de um arco...

Brazão, Suely Mendes (Adapt.). A história de Iaçá. In: Como surgiram os seres e as coisas. 2 ed. Co-edição Latino Americana, 1993.

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