Formação do Leitor
"Saber ler não é suficiente para transformar uma nação. É preciso ler mais. E leitores são formados, basicamente, com literatura. Isso porque a literatura é a palavra expressa em arte, alimento essencial do imaginário."
Elizabeth Serra
Transcrevo a seguir um depoimento de Ana Paula Maranhão, do site "Construir Notícias".http://www.construirnoticias.com.br/
No nível lingüístico, a audição de livros permite esclarecer um conjunto variado de relações entre a linguagem escrita e a linguagem falada; o sentido da leitura; as fronteiras entre as palavras; e a recorrência das letras, dos sons e da pontuação utilizada, aumentando a estrutura de seu repertório e desenvolvendo estruturas de frases e textos. A criança leitora habitua-se a parafrasear, a dizer de outro modo, a compreender e a utilizar figuras de estilo.
Essas capacidades lhe serão particularmente úteis após os dois primeiros anos de aprendizagem da leitura, durante os quais os textos a serem lidos são ainda relativamente simples. Com efeito, os conhecimentos lingüísticos adquiridos durante a audição de livros (histórias) proporcionam-lhe um trunfo considerável para enfrentar uma leitura progressivamente mais sofisticada.
No nível afetivo, descobre-se o universo da leitura pela voz, pela entonação e pela significação daqueles em que a criança tem mais confiança e com quem ela mais se identifica. Através de suas histórias favoritas, seus pais e professores desempenham um papel importante com seus comentários e suas explicações. Frutificando os subsídios cognitivos e lingüísticos, sendo através deles que o leitor descarrega todas as suas emoções e seus sentimentos, sempre lhes dando um novo significado. Desse modo, ele irá perceber a função social da leitura.
Formar um leitor é algo sutil e democrático, exigindo a única pedagogia possível: a do afeto e da liberdade (Maria Dinorah,1996).
Segundo estatísticas internacionais, forma-se um leitor mais ou menos até os quatorze anos de idade, num processo que tem raízes no lar, onde a criança, desde os primeiros anos de vida, convive com a magia das histórias, lendas, poesias... Especialistas chegam a afirmar que esse processo tem início no ventre materno. Aprendendo a gostar de ler, antes mesmo de saber ler.
José Morais, em seu livro A arte de Ler, afirma que "Os prazeres da leitura são múltiplos. Lemos para saber, para compreender, para refletir. Lemos também pela beleza da linguagem, para nossa emoção, para nossa perturbação. Lemos para compartilhar. Lemos para sonhar e para aprender a sonhar (há várias maneiras de sonhar...). A melhor maneira de começar a sonhar é por meio dos livros..."
Bill Gates, o papa da computação, em entrevista ao Jornal do Brasil de 15 de dezembro de 1996, revelou: "Computadores não substituem livros". Cecília Meireles citava: "A literatura melhor é a que as crianças lêem com prazer". Assim falava Fanny Abramovich: "Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias". Monteiro Lobato, que desejava muito fazer "um livro onde as crianças pudessem morar", também comentava: "Um país é feito de homens e livros".
Percebemos em todas as citações o quanto é encantador proporcionar o prazer pela leitura.
Para formarmos leitores, precisamos ter prazer; o prazer da audição, de se encontrar consigo mesmo, de ser ator e espectador, mesmo que ela ainda não saiba ler. Daniel Pennac, em seu livro Como Um Romance, revela-nos os dez direitos imprescritíveis de um leitor:
Para formarmos leitores, precisamos ter prazer; o prazer da audição, de se encontrar consigo mesmo, de ser ator e espectador, mesmo que ela ainda não saiba ler. Daniel Pennac, em seu livro Como Um Romance, revela-nos os dez direitos imprescritíveis de um leitor:
01. O direito de não ler.
02. O direito de pular páginas.
03. O direito de não terminar um livro.
04. O direito de reler.
05. O direito de ler qualquer coisa.
06. O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível).
07. O direito de ler em qualquer lugar.
08. O direito de ler uma frase aqui e outra ali.
09. O direito de ler em voz alta.
10. O direito de calar.
É importante que esses direitos estejam incorporados às práticas cotidianas do leitor, propiciando-lhe informações culturais e oportunidade de se apaixonar pelas leituras e pelos livros, dando alimento à sua imaginação. Proporcionando o máximo de conforto e liberdade, pretende-se despertar o desejo e o prazer de ser um verdadeiro leitor.
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