terça-feira, 30 de junho de 2009

Festas Juninas



É tempo de fogueira, balões, sanfona animada, forrós, quadrilhas, bandeirolas coloridas e comidas gostosas. Tempo de usar vestido florido, camisa xadrez, botas. Ah! Não pode esquecer o chapéu de palha.
Tempo de fazer e de pagar promessas para Santo Antônio, São João e São Pedro. Pedir a eles proteção para uma boa colheita, para a terra continuar fértil e vigorosa.
São eles, os santos de junho, segundo a crença popular, que arrumam casamento bom, fazem adivinhações do futuro e possuem a chave da felicidade.
O Cheiro bom de milho verde cozido, mandioca e batata assada, amendoim torrado, cuscuz, canjica, pamonha, pé-de-moleque, melado de cana, bolo, quentão, misturado com muita animação, faz o povo dançar as quadrilhas ao redor da fogueira e ao som das sanfonas.
Algumas brincadeiras são especiais: cadeia, tiro ao alvo, pescaria, barraca com argolinhas, pau-de-sebo, correio-elegante.
Animação mesmo é quando começa a quadrilha. Essa é uma festa típica da região sudeste. Acontece principalmente em Minas Gerais e São Paulo. Mas é lá no Nordeste que se realizam as grandiosas festas juninas do Brasil. E do mundo! Campina Grande, na Paraíba e Caruaru, em Pernambuco vivem disputando para ver qual tem o maior São João da Terra. Violeiros, repentistas, emboladores e poetas se apresentam para alegrar ainda mais a festa. Em muitos lugares do Nordeste também é tempo de sair para as ruas e dançar o Bumba-Meu-Boi. Acredita-se que as festas de junho são na verdade, dos namorados, dos agricultores, doas amigos e das pessoas apaixonadas que viveram um dia no campo e gostam de guardar na lembrança a ingênua alegria de brincar de estar na roça.
Sávia Dumont. O Brasil em festa.São Paulo,Companhia das Letrinhas, 2000p.15/ 16

Diversão sim, balão não!
Durante muito tempo, soltar balão era uma forma de comemorar as festas juninas. Dizia-se que eles levavam pedidos para São João atender. O problema é que estes balões sobem devido ao ar que é mantido quente através do fogo. Resultado: inúmeros incêndios são causados por balões que caem. O perigo é tanto que eles se tornaram fora-da-lei. Soltar balões é proibido pelo Código Florestal Brasileiro e pela Lei das Contravenções Penais.
Fogos, rojões e companhia costumam fazer parte das festas. Só que também são perigosos. Eles contêm pólvora, que pode provocar acidentes graves. Aliás, não é pequeno o número de pessoas que, todos os anos, se ferem devido a acidentes com fogos de artifício.
E é bom lembrar: acender fogueiras sempre envolve riscos e só deve ser feito por adultos.
Mas não se preocupe. Existem muitas maneiras de se divertir sem correr riscos. Brincadeira é o que não falta nas festas juninas.
(Revista Dr. Rec e Companhia. São Paulo, Paulus, jun.1996. ano1 n.4)


Origem está nos rituais

São João Batista: o mais popular dos três santos cultuados em junho e inspirou os festejos do mês.
Quem pensa que festa junina recebe esse nome apenas porque acontece no mês de junho sabe apenas metade da história. A comemoração, como hoje conhecemos, se originou nos países católicos da Europa no século IV e era conhecida como festa joanina, em louvor a São João Batista. A celebração de caráter religioso, em que estão incluídos também São Pedro e Santo Antônio, é resquício da festa da colheita pagã. A fogueira, erguida para reverenciar a fertilidade da terra, ganhou o poder de espantar as pragas agrícolas na simbologia católica. Os balões, que colorem os céus em noite de arraial, também têm cunho religioso.
"Eles eram soltos para enviar pedidos aos santos", explica o historiador Flávio Trovão.

Atividades:
1) O texto “Festas Juninas” é informativo ou narrativo? O que você observou para responder?

2) Releia o trecho:

“É tempo de fogueira, balões, sanfona animada, forrós, quadrilhas, bandeirolas coloridas e comidas gostosas. Tempo de usar vestido florido, camisa xadrez, botas. Ah! Não pode esquecer o chapéu de palha.”

a) Que sensação transmite esse trecho?
b) O texto apresenta várias expressões que caracterizam as festas juninas de forma positiva. Transcreva do texto algumas delas para exemplificar.

3) Por que essas festas acontecem no mês de junho e não em outros meses?

4) Encontre no texto algumas comidas típicas de festas juninas e escreva-as no caderno.

5) Segundo o texto, qual a justificativa para a prática de soltar foguetes e balões?

6) Segundo o texto, por que as pessoas gostam de brincar nas festas juninas?

7) Releia esse trecho:

“Essa é uma festa junina típica da região sudeste.”

a) O que significa a expressão festa típica?
b) Quais são os estados que compõem a região Sudeste?

Sabor e movimento dos cinco cantos do país

Norte - Depois das frutas, a mandioca foi, provavelmente, o primeiro alimento que os portugueses comeram no Brasil. Da planta, os índios sempre fizeram a tapioca, bebidas alcoólicas e o beiju, que até hoje é saboreado no café da manhã e nas festas juninas. A dança do boi-bumbá, originária do Maranhão, chegou ao Norte com os migrantes nordestinos na época do ciclo da borracha. Na ilha de Parintins, a 420 km de Manaus, todo o mês de junho é cercado dela disputa entre dois blocos folclóricos, o do boi Garantido e do boi Caprichoso.

Sudeste - As barraquinhas de comidas das quermesses paulistas contam a história dos imigrantes que chegaram ao Brasil NOS SÉCULOS XIX E XX. Os italianos trouxeram o macarrão e a pizza. Os árabes, o quibe e a esfiha. Os ingleses, o sanduíche. Em Minas Gerais, o pão de queijo, não falta em noite de arraial. A iguaria se tornou tradicional com o crescimento da pecuária leiteira. A quadrilha, dançada por grupos de quatro pares nos palácios da Europa, foi trazida ao Brasil pelos portugueses. Logo o bailado caiu no gosto da maioria da população, que vivia na zona rural.

Centro-Oeste - Os bandeirantes paulistas trouxeram para a região a cultura do Sudeste. A dança do cururu, encontrada no interior de São Paulo, aqui ganhou mais força. Dela, somente homens participam. Eles tocam viola de cocho, típico instrumento mato-grossense, e reverenciam os santos com rimas e sapateados. A pamonha, iguaria apreciada nos arraiás do centro do país, vem do acaçá, prato envolvido em folhas de bananeira.

Sul - A dança-de-fitas, de origem portuguesa e espanhola, é a que mais anima as festas sulistas. Casais vestidos com roupas caipiras bailam cruzando fitas coloridas presas a um mastro. A dança, presente em vários outros países da América Latina era comum antigamente nas comemorações do início da primavera. O gosto dos gaúchos pelo churrasco vem do hábito de carreteiros e tropeiros, que transportavam mantimentos comercializavam gado.

Nordeste - Os doces brasileiros surgiram na região que por muito tempo liderou a produção de açúcar. O bolo de macaxeira (mandioca) não falta no Dia de São João, que é embalado pelo forró. Supõe-se que essa música tenha surgido nos barracões à beira das primeiras estradas de ferro construídas no Brasil. Na época, ingleses ofereciam festas aos operários usando o termo for all (para todos). O tambor-de-crioula, dança típica do Maranhão, surgiu nos terreiros de candomblé ao som de cabaças, triângulos e tambores.

(Revista Nova Escola. São Paulo, Abril, jun. - jul. 2000. n. 133)

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