Alguém já disse que devemos estudar o passado para compreendermos o presente e, na medida do possível, melhor prevermos o futuro. Nos dias de hoje, essa última parte está cada vez mais difícil. O adequado seria retirarmos a palavra “prevermos” e substituí-la por “nos prepararmos para”.
Ou seja, caro professor, que tal iniciar seu ano olhando para trás? Você se lembra dos dinossauros? Eles já foram os donos da Terra. Dominavam montanhas, pântanos, cerrados e oceanos. Como não souberam se adaptar às novas condições, em função de uma hecatombe espetacular, se extinguiram. Sumiram da face da Terra. Darwin foi genial em sua observação: “Não é o maior nem o mais forte que sobrevive, mas os que conseguem melhor se adaptar.”
Muito bem, caro amigo. Com a sua profissão é a mesma coisa. Tenho certeza que em sua instituição existem diversos colegas que já deveriam estar extintos. São profissionais que se recusam a ver que o mundo mudou. Continuam a fazer as coisas da mesma forma. São atuais apenas como peças em um museu. E isso não tem nada a ver com idade. Tem a ver com atitude, com atualização, com amor pela profissão.
Vou dar alguns exemplos de professores que estão ameaçados de extinção. Confira se um deles não é você ou algum colega seu:
TITANOSSAURO – Um monstro de 15 metros de comprimento, 5 metros de altura e 15 toneladas de peso. Destruía tudo o que encontrava pela frente. Árvores eram gravetos. Rios eram córregos. O professor Titanossauro também é um destruidor. Ele chega devagar, com a fala mansa e consegue no final destruir tudo a sua frente. Pode ser a sala de aula, a equipe pedagógica, os projetos esperados. Como vivem muito – os titanossauros viviam cerca de 100 anos – sua “longevidade e experiência” fazem dele um alvo muito difícil de ser eliminado.
PTEROSSAURO – Uma espécie de dinossauro dotado de asas. Assustador. Voava grandes distâncias. Possuía uma enorme crista em sua cabeça. A função dele tanto podia ser para orientação quanto para atrair possíveis parceiros. Enfim, um exibidão. Da mesma forma, o professor Pterossauro. Ele está sempre espalhando seus feitos. E não importa se tais realizações são verdadeiras ou imaginárias. Uma das características desse professor em extinção é que ele sabe ser simpático. Assim, disfarça bem o fato que exibe muito e faz pouco.
RONDON II – Um dos maiores carnívoros que já existiu, comparável ao Tiranossauro Rex. Um predador temível, perigoso e individualista. Justamente o que não se quer nas escolas. O professor Rondon II chega, dá sua aula, vai para casa. Cumpre sua tarefa com precisão cirúrgica. Não fale com ele sobre equipe, companheirismo. Ele não se importa com nada. A princípio, ninguém tem nada com ele. Cumpre o básico, rigorosamente. Aliás, tem fama de rigoroso. Mas, cuidado. Rigor é uma coisa, às vezes, até bem-vinda. Falta de interesse é outra, extremamente prejudicial.
CINODONTE – Uma das características desse animal era seu impressionante instinto de sobrevivência. Se a fome apertasse, ele comia qualquer coisa que encontrasse pela frente, até mesmo seus próprios filhotes. O professor Cinodonte também faz tudo para sobreviver na escola. Em outras palavras, procura sobreviver no emprego, em vez de desenvolver sua própria competência. Na verdade, especializa-se nas artes de sabotar e puxar o tapete dos outros. Algo bem triste, pois se aplicasse a energia desperdiçada na elaboração de seus planos mirabolantes na construção de uma escola melhor, seria um excelente profissional.
Enfim, poderia continuar citando uma série de animais pré-históricos. Quase todos extintos. São poucos os que sobreviveram até nossos dias. O mesmo vale para sua carreira, professor. Muito em breve, os Professauros, a maioria deles, não serão mais encontrados. Espero que você não seja um. Ou, se apresentar algum dos sintomas descritos acima, mude enquanto ainda é tempo.
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