terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mães más

Um dia, quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes:
“Eu os amei o suficiente para ter perguntado: aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão”.
“Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia”.
“Eu os amei o suficiente para fazer pagar as balas que tiraram da mercearia e os dizer ao dono: “nós roubamos isto ontem e queríamos pagar” ”.
“Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês duas horas, enquanto limpava seu quarto, tarefa que eu teria realizado em quinze minutos”.
“Eu os amei o suficiente para deixar ver além do amor que sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos”.
“Eu os amei o suficiente para deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração”.
“Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso”.
“Essas eram as mais difíceis batalhas de todas”.
“Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também!”.
“E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e mães, meus filhos vão lhes dizer quando lhes perguntarem se sua mãe era má”:
“Sim... nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo. As outras crianças comiam doces e salgadinho no café e nem mesmo precisava escovar os dentes e nós nunca podíamos fazer isso. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batata frita no horário de almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. E ela obrigava-nos jantar á mesa, bem diferente das outras mães que deixava os filhos comerem vendo televisão. Sempre queria ver nossos cadernos e saber se tínhamos feito a tarefa de casa e se comportado bem na escola. Ela insistia em saber onde estávamos a toda hora. Era quase uma prisão. Mamãe que saber quem era os nossos amigos e o que fazíamos com eles. Insistia que disséssemos que íamos sair, mesmo se demorássemos só uma hora ou menos”.
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violou as leis do trabalho infantil. Nós tínhamos que lavar a louça, forrar as camas, lavar roupas, aprender a cozinhar, esvaziar o lixo e todo tipo de trabalho cruel. Eu acho que nem dormia à noite, pensando em coisas para mandar fazer.Ela insistia sempre conosco para lhe fizermos a verdade e apenas a verdade.E quando éramos adolescentes ela até conseguia ler nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata. Ela não deixava os nossos amigos tocarem buzina para que nós saíssemos. Tinha que subir, bater á porta para ela os conhecer. Enquanto todos podiam sair à noite com doze, treze anos, nós tivemos de esperar pelos dezesseis. Por causa da nossa mãe, nós perdemos imensas experiências da adolescência.Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubos, atos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Foi tudo por causa dela.
Agora que saímos de casa, nós somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo o melhor para sermos “pais maus”, tal como nossa mãe foi.
Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: não há suficientes Mães Más...


Autor desconhecido

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