sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Literatura infantil

Como sou formada em Letras, não aguento ver um bom texto sobre Literatura e não guardar. Este foi enviado ao grupo pela Silvia R.C.




A literatura tem funções diversas e se presta a diferentes usos. O motivo básico de as pessoas lerem obras literárias, no entanto, é a procura do prazer.Esse prazer manifesta-se primeiramente como entretenimento. Mas a Literatura é diferente de outras formas de diversão.
Quando se trata de um grande texto o que o leitor nunca consegue é o mero “ escapismo” .O grande texto sempre deixa sua marca no leitor. Ninguém lê uma grande obra sem ser afetado por ele em algum nível ou algum aspecto. A primeira marca que a literatura deixa é a do crescimento interior. Isto ocorre porque a literatura nos propicia uma das formas mais espetaculares de conhecimento do homem. Por meio dela, percebemos a complexidade que nos caracteriza como seres humanos, nossas ambigüidades e nossos paradoxos.
A Literatura , em todas as suas formas, inclusive a infantil, não se presta apenas a fornecer conhecimento . Ela se presta , fundamentalmente , ao ensino da linguagem oral e escrita. Em primeiro lugar, nas fases iniciais do aprendizado,ela enriquece o vocabulário , põe o aluno em contato com as mais ricas possibilidades sintáticas, explora às últimas conseqüências o aspecto semântico e, em suma,amplia e aprofunda conhecimento da língua, inclusive sua face sonora.
A Literatura, assim, nas diversas fases do ensino, fornece ao aluno meios de apreender a linguagem e também de produzir textos. Ninguém aprenderá a escrever com um mínimo e competência se não for colocado em contato com a Literatura desde a infância. Quando se priva o aluno da Literatura não é só de compreender e escrever que ele se torna incapaz: ele não adquire condições de pensar no sentido pleno da palavra.
Tudo isto indica que o texto literário deve ser utilizado desde os primeiros anos de escola,primeiro na forma da Literatura infantil. É bom lembrar-se que, hoje em dia, a tarefa de colocar a Literatura nas mãos das crianças ou dos jovens não é executada normalmente pela família.
A escola , é em geral,a única oportunidade que o aluno tem de experimentar a Literatura. Se o professor dominar determinadas técnicas e, principalmente, se ele tiver sensibilidade, ele acabará levando seus alunos a gostarem de ler. Caso contrário, será mais difícil que surja o gosto pela leitura em ambientes extra- escolares.





Características do leitor infantil e juvenil
A criança apreende a vida por meio de sensações e impressões
. Tudo que a rodeia, em virtude da animação que empresta às coisas e ao significado que atribui aos seres, adquire o sentido da variedade e da multiplicidade. A vida para ela é um pluriverso. Buscando a conquista e afirmação num mundo em que seus sentidos e seu entendimento não conseguem totalmente decifrar, funde e confunde o real e o mágico, movendo-se num cosmo onde a fantasia transpassa a vida e a vida toma aspectos de fantasia.
A Literatura Infantil com suas fadas e bruxas, animais que falam e heróis invencíveis vai ao encontro dos interesses e anseios da criança, mostrando-lhe um mundo de contornos imprecisos, mas perfeitamente compreensível e aceitável, um mundo povoado de seres imaginários, porém vivos e atuantes dentro da lógica infantil.
Os interesses e exigências do leitor em termos de personagens, temas, estruturas e gêneros narrativos, não permanecem sempre os mesmos. Atravessando estágios de desenvolvimento, em cada fase evolutiva demonstra preferência por uma modalidade de leitura.
Na fase animista, que se estende aproximadamente até os oito anos, tudo tem vida para a criança; é a fase do pensamento lúdico.
Vivenciam uma etapa de pensamento, onde o jogo e o mistério são os estimulantes da sua imaginação. Como a criança, nesta fase, ainda não se encontra dotada de capacidade para interpretar racionalmente os fenômenos naturais, aprecia narrativas em que predomine o ilogismo, o assombro, o divertimento. Contos de fadas, fábulas, contos de mistério, história sobre animais e plantas que falam fazem parte de seu mundo de encantamento.

Por volta dos nove anos, a criança começa a se interessar pela realidade circundante, substituindo personagens sobrenaturais por tipos humanos heróicos e empreendedores; é a fase do pensamento mágico. A ação, a aventura, o risco e o esforço pessoal são os requisitos procurados numa narrativa funcional. Embora impulsionada pelo sentido de coragem, de perigo, de audácia, necessita de justiça, exigindo verossimilhança e possibilidade de veracidade nos relatos. São indicados para esta fase os contos populares, lendas, histórias humorísticas e aventuras.

Dos doze aos quatorze anos, a criança se encontra na fase do pensamento lógico, a etapa fantástico-realista. A descoberta do mundo interior e as questões pessoais passam a assumir a preocupação do leitor adolescente. Começando a dominar as noções abstratas, razão e sentimento são a tônica do seu pensar. Interessando-se por temas relacionados ao sexo, amor, luta do homem no combate a obstáculos e adversidades, gozam da preferência do leitor nesta fase de pensamento lógico as novelas sentimentais e policiais, as biografias romanceadas e os romances históricos.

Na literatura, que caracterizava a fase do pensamento lúdico, o herói vencia por milagre. Na fase do pensamento mágico, vencia o esforço. Agora, nesta fase de pensamento abstrato, o herói adquire contornos definidos. Tem capacidade para amar, sofrer, vivenciar experiências pessoais que possibilitem a superação das adversidades. Com isso, um novo elemento instaura-se na estruturação das personagens: o sentimental.

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