sábado, 7 de março de 2009

Tangram


As peças do Tangram são as seguintes: dois triângulos grandes, dois triângulos pequenos, um triângulo médio, um quadrado e um paralelogramo, como mostra a figura abaixo:
Com essas peças e a criatividade é possível montar cerca de 1700 figuras diferentes, veja alguns exemplos abaixo:
A introdução desse material-jogo pode ser feita através do conto de uma lenda sobre o tangram, a qual diz: “um monge chinês deu ao seu discípulo um quadrado de porcelana, um rolo de papel de arroz, pincel e tintas, e disse:
- Vai e viaja pelo mundo. Anota tudo que vires de belo e depois volta.
A emoção da tarefa fez com que o discípulo deixasse cair o quadrado de porcelana, que se partiu em sete pedaços. O discípulo, tentando reproduzir o quadrado, viu formar uma imensidão de figuras belas e conhecidas a partir das sete peças. De repente percebeu que não precisaria mais correr o mundo. Tudo de belo que existia poderia ser formado pelo Tangram.”
Logo após essa introdução, o professor pode confeccionar juntamente com os alunos as peças do Tangram, utilizando somente uma folha de papel quadrada e tesoura, trabalhando assim a coordenação motora e a arte ao mesmo tempo.

Além disso, vários conceitos matemáticos podem ser abordados, como:
Identificação;
Comparação;
Descrição;
Classificação;
Desenho de formas geométricas planas;
Visualização e representação de figuras planas;
Exploração de transformações geométricas através de decomposição e composição de figuras;
Compreensão das propriedades das figuras geométricas planas;
Representação e resolução de problemas usando modelos geométricos;
Noções de áreas;
Frações.


Com esses conceitos em mente, os alunos podem desenvolver algumas habilidades que servem de pré-requisitos para outras áreas do saber, como: visualização, diferenciação, percepção espacial, análise, síntese, desenho, relação espacial, escrita, construção, criatividade e raciocínio lógico.
Outra maneira de se trabalhar o Tangram é a “sobreposição”, na qual o professor fornece uma imagem pré-definida onde os alunos devem encaixar as sete peças. Veja:
Através dessa imagem dada, o aluno deve encaixar as peças do tangram preenchendo-a sem sobrepô-las.

A razão finalizadora do Tangram é de que o todo é divisível em partes, e estas podem ser reconstruídas em um outro todo, como a própria concepção do grande educador Malba Tahan sobre a matemática.
Enfim, o uso de material lúdico em sala de aula, como o Tangram, é uma estratégia eficaz para entender conceitos de número e operações, além de educar a atenção, despertar interesse por mais conhecimento e trabalhar a interdisciplinaridade. Portanto, entende-se que a aprendizagem deve acontecer de forma interessante e prazerosa e um recurso que possibilita isso são os materiais lúdicos.

ReferênciasBRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

DEUS, ADREITON F. B. Malba Tahan e a didática da matemática: teoria e aplicação em sala de aula. Trabalho de Graduação em Licenciatura em Matemática – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2007. 85p.

CULTURA CHINESA. Tangram. Disponível em: http://www.chinaonline.com.br/antigo/artes_gerais/tangram/default.asp. Acesso em: 06 mar. 2008.

5 comentários:

Galvão disse...

Olá. Fazendo uma pesquisa sobre tangram, este post foi o que achei mais interessante. Entretanto não compreendi o trecho "...o uso de material lúdico em sala de aula, como o Tangram, é uma estratégia eficaz para entender conceitos de número e operações, além de educar a atenção, despertar interesse por mais conhecimento e trabalhar a interdisciplinaridade." Concordo no que trata do material lúdico de forma geral, mas, em que o Tangram especificamente ajuda a entender conceito de número? Contar peças? Pessoalmente, exceto nos casos de equivalência de áreas (e decomposição de figuras, embora não considere isso algo de extrema importância) e algumas frações específicas (como 1/2 e 1/4), não vejo utilidade prática no tangram para se obter conhecimento matemático. Talvez sistematizar algo já obtido, mas, sei lá: Considero-o uma distração, um jogo e nada mais. Matematicamente falando material muito pobre. Outros materiais lúdicos, como a escala Cuisenaire, material dourado e ábaco são muito mais ricos nesse aspecto. Quanto a lista de conceitos que podem ser trabalhados, a maioria é intrínseca ao fato de ser material lúdico, não necessariamente o Tangram. Ficarei honrado em receber seu retorno (cegalvao@gmail.com)

Prô Rirela disse...

Oi Galvão, obrigada pela sua visita. É muito interessante ver uma pessoa tão segura em suas opiniões, com certeza será sempre um profissional muito competente. Em relação às suas indagações, também tenho a minha: Por que exatamente fazia uma pesquisa sobre tangram? Pergunto isso porque meu blog, além de funcionar como um arquivo de materiais que utilizo e que resolvi compartilhar, é direcionado aos professores que atuam no Ciclo I e dessa forma, não vejo o tangram como um material pobre. Contar peças? Por que não? Sabia que é preciso ensinar aos pequenos contar até 10? Pode parecer fácil, mas infelizmente atendemos crianças que chegam à escola sem nenhuma noção de quantidades, de como se pega num lápis e de como se usa um caderno. Para nós, o tangram não será apenas um material lúdico, mas será sim uma boa estratégia para conceitos de números e operações. É claro que não é o único material disponível, temos e nos munimos de tudo que possa ser útil para que a criança compreenda os conteúdos ao mesmo tempo que se diverte também, pois o tempo da decoreba sem se entender o porque das coisas e suas utilidades no mundo real, graças a Deus passou. Não sei se consegui retornar da forma como gostaria, afinal não estou aqui como professora de universidade, mas sim como ser humano que ama o trabalho que faz. Um grande abraço!

Galvão disse...

Agradeço imensamente seu retorno. Sou formando do Curso de Matemática da Universidade Federal do Paraná e, em meu trabalho de Prática de Ensino - Estágio Supervisionado - tenho uma turma de magistério para a qual aplico uma oficina de Matemática. Nosso objetivo é contribuir com a formação de conceitos que as alunas precisarão ensinar como contagem, operações, etc, e apresentam dificuldades por deficiências infelizmente naturais da nossa atual educação. Uma destas minhas alunas preparará uma aula sobre Tangram e me pediu ajuda. Por isso da pesquisa. Como diz minha orientadora do estágio, a licenciatura em matemática nos ensina muita coisa, menos dar aula. A pedagogia está muito a frente nesse sentido do que a nossa licenciatura. Foi feita uma revisão curricular nesse sentido, mas o que precisa mudar são conceitos, não disciplinas. A minha visão do tangram seria quase para aplicação em séries mais avançadas, onde teoricamente não faz sentido, considerando que em séries mais avançadas os alunos já tenham noção de contagem e conceitos de operações, o que infelizmente está distante da realidade. Tenho aprendido muito com as meninas do magistério, tanto nas oficinas quanto ao me preparar para as mesmas, a pensar na educação dos ciclos I e II, pois esse pensamento (Educação Infantil) não faz parte da minha realidade atual. Tento passar conhecimento teórico e aplicações que acredito serem eficazes, com a ajuda de um material disponível no site da USP - Programa Educar - que serve como "bússola" ou "livro-texto" da oficina. Eu pensei no uso do tangram como algo posterior ao ábaco, ao material dourado e outros tantos lúdicos disponíveis e não encontrei outra forma de uso diferente das que citei. Uma "repreensão" que recebi quando cursava Metodologia do Ensino da Matemática foi achar que os materiais lúdicos eram para uso exclusivo das séries iniciais e nosso desafio era trabalhar com material lúdico também para Ciclos III e IV do Fundamental e Ensino Médio. Peço desculpas se a minha forma de expressar possa ter sido de alguma forma grosseira e ofensiva. Tenha certeza que não foi esse o objetivo e tenho um grande respeito pelos profissionais que amam o trabalho que fazem. Isto faz falta em nossa sociedade. Grande abraço.

Prô Rirela disse...

Galvão, não precisa pedir desculpas de maneira alguma, pois como já citei antes, vc parece ser uma pessoa muito segura em suas opiniões o que só tem a contribuir com o sucesso do nosso ensino. A história de parecer grosseiro ou não é que o papel ainda não é capaz de transmitir o nosso tom de voz não é mesmo? É a voz, o jeito de falar e o olhar que dão o tempero gostoso de uma boa discussão edificante.
Eu sou formada em Letras Literatura além da Pedagogia e concordo quando diz que a faculdade não ensina dar aula e sabe por quê? Porque só se aprende dar aula na prática, assim como só se aprende a escrever escrevendo, a ler lendo, a andar de bicicleta pedalando, equilibrando, caindo e levantando.
Sua oficina deve ser ótima, e a troca de experiência que vcs têm devem ser melhor ainda!
De que lugar do Paraná vc é? Eu sou formada pela faculdade de Jacarezinho...

Galvão disse...

Lugar é difícil. Sou Pé vermelho Barriga verde. Londrinense de nascimento, Catarina (São Bento do Sul1-SC) de criação e com o coração dividido entre SC e Curitiba, onde moro desde 2003. Desculpe não responder antes. Tive uma semana cheia, incluindo uma mini-monografia apresentada sexta. Coisas de formando...Abraços