NARRAÇÃO: Certo dia, conversávamos calmamente, eu e minha filha, quando ela me disse:
Filha: - Mamãe, eu estou em dúvida. A senhora acha que eu devo ter um filho?
Narração: Ela já estava casada há dois anos e nunca tinha manifestado a vontade de ter filhos.
Mãe: - Ter um filho mudará a sua vida.
Filha: - Eu sei, nada mais de saídas aos sábados, nada mais de viagens sem compromisso...
Narração: Mas não era disso que eu estava falando. Eu olhei para ela tentando decidir o que dizer. Eu queria dizer para ela o que ela nunca aprenderia em salas de aula. Eu queria dizer a ela que as cicatrizes físicas que nós temos para sermos mães, são curadas, mas que se tornar uma mãe deixaria nela marcas emocionais tão profundas que ela nunca mais esqueceria. Ela se tornaria para sempre uma mulher totalmente diferente.
Eu pensei em dizer a ela que ela nunca mais leria um jornal tranqüilamente sem pensar: E se fosse com o meu filho? Que ela rezaria incessantemente, dia e noite para que nada de mal jamais pudesse chegar perto de seus filhos: violência, drogas, fome... se pelo menos tivéssemos o poder de afastar tudo isso de nossos filhos... então ela pensaria que nenhum sofrimento seria maior do que ver o seu filho sofrer.
- Eu olhei atentamente para as suas unhas cuidadosamente pintadas, e a sua roupa da moda e pensei em dizer a ela que não importa o quão sofisticada ela seja, se tornar uma mãe vai faze-la na maioria das vezes esquecer de si própria. Que o mais simples chamado de “mamãe” vai faze-la esbarrar no caríssimo jarro de cristal e quebrar suas unhas tão ricamente esmaltadas sem um minuto de hesitação.
- Eu senti que deveria avisar a ela que não importava a quantidade de anos que ela investiu na carreira, pois esta seria deixada em Segundo plano por causa de seus filhos. Que ela poderia até arranjar ótimas babás e creches, mas que um dia ao se preparar para ir trabalhar ela sentiria seu filho febril e simplesmente não conseguiria mais sair de perto dele até que ele melhorasse.
Eu queria dizer a ela que por mais segura que ela fosse em relação ao seu trabalho ou a sua vida particular, ela sempre pensaria duas, três, quarto vezes no que diria respeito a sua relação com seus filhos.
- Olhando para a minha linda e bem sucedida filha, eu queria assegurar a ela que ela poderia até perder os quilos a mais que ela ganharia com a gravidez, mas que ela nunca mais se sentiria a mesma. Que a sua vida até agora tão importante, seria deixada de lado a partir do momento que ela tivesse um filho. Que ela desistiria de tudo para que seus filhos pudessem realizar os próprios sonhos, mas que ela sempre se recordaria dos sonhos que ela acalentava antes da maternidade, e que teve que abandonar.
- Eu queria descrever para ela a maravilhosa sensação de se ver um filho dando os primeiros passos, indo pela primeira vez para a escola, arrumando o primeiro emprego. Também queria falar da preocupação de ver o filho indo a primeira festinha sozinho,ou tendo as difíceis crises de adolescência, ou as dificuldades que ele está enfrentando na escola. Mas também queria falar na alegria que é vê-lo chegar em casa e confiando a você o segredo da namoradinha que arranjou, ou das dúvidas que ele está enfrentando ou da confiança que ele tem em você ajuda-lo a estudar para a próxima prova.
- Eu queria fazer com que ela experimentasse estas sensações que são tão reais que chegam a doer. O que é ajudar a formar o caráter de uma criança, o que é auxiliar um adolescente a fazer as próprias escolhas, o que é querer a todo custo proteger seus filhos do mundo, mesmo sabendo que eles vão criar asas e procurar seus próprios caminhos.
Mas o olhar de dúvida da minha filha me fez perceber que havia lágrimas em meus olhos e que ela estava querendo uma resposta. Então disse simplesmente a ela:
Mãe - VOCÊ NUNCA VAI SE ARREPENDER DE TER UM FILHO!
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