sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Contos de fadas



O patinho feio
Era uma vez uma mamãe pata que pôs cinco ovos. Quatro lindos patinhos saíram primeiro da casca e, por último, um patinho tão feio que dava dó. - Quando crescer ficará bonito - pensou esperançosa, a mamãe pata.
O patinho crescia e a mamãe pata ficava mais triste. Ele continuava feio e esquisito.
Os mais velhos o olhavam com pena. Os mais moços zombavam dele chamando-o de "Patinho Feio".
Pobre patinho! Vivia triste e não brincava com ninguém por causa da sua feiúra. O patinho preferia ficar sozinho a perto daqueles que riam dele. Um dia, resolveu ir embora para bem longe.
Andou muito pela floresta, até que anoiteceu. Ele estava cansado, com fome e com muito medo. Também estava triste com seus amigos e, por isso, venceu o medo e adormeceu ali mesmo.
De manhã, quando acordou, ainda tinha fome. Andou mais um pouco e ouviu um barulho de água.
Correu e encontrou um lago, onde alguns patos selvagens brincavam alegremente.
Quis falar com eles, mas um barulho de espingarda espantou a todos. E ele ficou sozinho novamente.
O patinho resolveu ficar ali mesmo, pois tinha muitos peixes para se alimentar. Com o tempo, foi ficando mais forte e robusto.
A primavera chegou e todos os cisnes resolveram aparecer no lago. Um deles veio conversar com o patinho. Ele não acreditava que um belo cisne quisesse ser seu amigo de verdade. - Ora, olhe seu reflexo na água - pediu o cisne.
O patinho viu o reflexo e descobriu que ele também era um cisne! Então, resolveu juntar-se àqueles lindos e majestosos cisnes e viveu feliz para sempre.
Hans Christian Andersen

O gato de botas
Um velho moleiro, sentindo a morte chegar, dividiu seus bens entre seus três filhos.
O mais velho herdou o moinho, o segundo um jumento capenga e o caçula um gato.
O gato, vendo o seu novo dono muito desiludido com a sua parte na herança, disse-lhe:
— Não te entristeças, meu amo, tenhas confiança em mim. Eu te farei um homem rico. Preciso somente que tu me dês algumas roupas.
Assim, o rapaz deu ao gato um velho chapéu e um par de botas que ele havia recuperado no celeiro.
Também lhe fez uma capa e deu-lhe um grande saco.
— Eu te prometo voltar com boas novas - disse o gato a seu amo quando partiu.
No caminho, encontrou uma bela ovelha e colocou imediatamente seus projetos em execução. Pulou sobre ela e enfiou-a no saco.
—Majestade, é uma felicidade para mim, oferecer-lhe este humilde presente. Quem o envia é marquês de Carabás, meu amo - disse ao rei, fazendo uma profunda reverência.
Nos dias seguintes o monarca continuou recebendo presentes da parte do famoso marquês que ninguém conhecia...
Alguns dias depois, o gato disse a seu amo:
—Não me faças perguntas, mas faz o que eu digo. Amanhã de manhã, vai tomar banho no rio e espera que a carruagem do rei passe por ali.
Na manhã seguinte, enquanto o seu amo banhava-se no rio, o rei passou por ali com a sua filha.
—Socorro, socorro! Meu amo, o marquês de Carabás está se afogando! - gritou o gato.
O rei parou a carruagem e deu ordem a seus lacaios para socorrer o marquês e procurar-lhe roupas adequadas. O monarca não tinha esquecido os numerosos presentes recebidos...
Depois o convidou para subir na carruagem. A princesa logo ficou encantada com o charme do jovem marquês.
Os campos estendiam-se a perder de vista ao longo do caminho que a carruagem real percorreria.
— O rei logo vai passar por aqui - disse o gato aos lavradores. Se ele perguntar a quem pertencem estas terras, respondam-lhe que pertencem ao marquês de Carabás, caso contrário farei picadinho de vocês!
Os camponeses ficaram amedrontados e obedeceram ao gato de botas. O rei ficou impressionado com os muitos bens que o amável marquês possuía.
O soberano pensou que jamais encontraria melhor partido para sua filha. E vendo os olhares que ela dedicava ao jovem marquês, compreendeu que ela já o amava.
Alguns dias mais tarde a princesa e o filho do moleiro se casaram e foram muito felizes.
http://www.terravista.pt/FerNoronha/2352/

O Príncipe Sapo

Há muito tempo, quando os desejos funcionavam, vivia um rei que tinha filhas muito belas.
A mais jovem era tão linda que o sol, que já viu muito, ficava atônito sempre que iluminava seu rosto. Perto do castelo do rei havia um bosque grande e escuro no qual havia um lagoa sob uma velha árvore. Quando o dia era quente, a princesinha ia ao bosque e se sentava junto à fonte.
Quando se aborrecia, pegava sua bola de ouro, a jogava alto e recolhia. Essa bola era seu brinquedo
favorito. Porém, aconteceu que uma das vezes que a princesa jogou a bola, esta não caiu em sua mão, mas sim no solo, rodando e caindo direto na água. A princesa viu como ia desaparecendo na lagoa, que era profunda, tanto que não se via o fundo. Então, começou a chorar, mais e mais forte, e não se consolava e tanto se lamenta, que alguém lhe diz:
— Que te aflige, princesa? Choras tanto que até as pedras sentiriam pena.
Olhou o lugar de onde vinha a voz e viu um sapo colocando sua enorme e feia cabeça fora d’água.
— Ah, és tu, sapo - disse - Estou chorando por minha bola de ouro que caiu na lagoa.
— Calma, não chores -disse o sapo – Posso ajudar-te, porém, que me darás se te devolver a bola?
— O que quiseres, querido sapo - disse ela - Minhas roupas, minhas pérolas, minhas jóias, a coroa de ouro que levo.
O sapo disse:
— Não me interessam tuas roupas, tuas pérolas nem tuas jóias, nem a coroa. Porém, me prometes deixar-me ser teu companheiro e brincar contigo, sentar a teu lado na mesa, comer em teu pratinho de ouro, beber de teu copinho e dormir em tua cama ? Se me prometes isto, eu descerei e trarei tua bola de ouro.
— Oh, sim- disse ela - Te prometo tudo o que quiseres, porém, devolve minha bola – mas pensou- Fala como um tolo. Tudo o que faz é sentar-se na água com outros sapos e coachar. Não pode ser companheiro de um ser humano.
O sapo, uma vez recebida a promessa, meteu a cabeça na água e mergulhou. Pouco depois, voltou nadando com a bola na boca, e a lançou na grama. A princesinha estava encantada de ver seu precioso brinquedo outra vez, colheu-a e saiu correndo com ela.
— Espera, espera - disse o sapo – Leva-me. Não posso correr tanto como tu !
Mas, de nada serviu coachar atrás dela tão forte quanto pôde. Ela não o escutou e correu para casa, esquecendo o pobre sapo, que se viu obrigado a voltar à lagoa outra vez.
No dia seguinte, quando ela sentou à mesa com o rei e toda a corte, estava comendo em seu pratinho de ouro e algo veio arrastando-se, splash, splish splash pela escada de mármore.
Quando chegou ao alto, chamou à porta e gritou:
— Princesa, jovem princesa, abre a porta.
Ela correu para ver quem estava lá fora. Quando abriu a porta, o sapo sentou-se diante dela e a princesa bateu a porta. Com pressa, tornou a sentar, mas estava muito assustada. O rei se deu conta de que seu coração batia violentamente e disse: - Minha filha, por que estás assustada? Há um gigante aí fora que te quer levar?
— Ah, não, respondeu ela - não é um gigante, senão um sapo.
— O que quer o sapo de ti?
— Ah, querido pai, estava jogando no bosque, junto à lagoa, quando minha bola de ouro caiu na água. Como gritei muito, o sapo a devolveu, e porque insistiu muito, prometi-lhe que seria meu companheiro, porém, nunca pensei que seria capaz de sair da água.
Entretanto, o sapo chamou à porta outra vez e gritou:
— Princesa, jovem princesa, abre a porta. Não lembras que me disseste na lagoa?
Princesa, jovem princesa, abre a porta.
Então o rei disse:
— Aquilo que prometeste, deves cumprir. Deixa-o entrar.
Ela abriu a porta, o sapo saltou e a seguiu até sua cadeira. Sentou-se e gritou:
— Sobe-me contigo.
Ela o ignorou até que o rei lhe ordenou. Uma vez que o sapo estava na cadeira, quis sentar-se à mesa. Quando subiu, disse:
— Aproxima teu pratinho de ouro porque devemos comer juntos.
Ela o fez, porém se via que não de boa vontade. O sapo aproveitou para comer, porém, ela enjoava a cada bocado. Em seguida, disse o sapo:
— Como eu estou satisfeito, mas estou cansado. Leva-me ao quarto, prepara tua caminha de seda e nós dois vamos dormir.
A princesa começou a chorar porque não gostava da idéia de que o sapo ia dormir na sua preciosa e limpa caminha. Porém, o rei se aborreceu e disse:
— Não devias desprezar àquele que te ajudou quando tinhas problemas.
Assim, ela pegou o sapo com dois dedos e o levou para cima e a deixou num canto. Porém, quando estava na cama o sapo se arrastou até ela e disse:
— Estou cansado, eu também quero dormir, sobe-me senão conto a teu pai.
A princesa ficou então muito aborrecida. Pegou o sapo e o jogou contra a parede.
— Cale-se, bicho odioso – disse ela. Porém, quando caiu ao chão não era um sapo, e sim um príncipe com preciosos olhos. Por desejo de seu pai, ele era seu companheiro e marido. Ele contou
como havia sido encantado por uma bruxa malvada e que ninguém poderia livrá-lo do feitiço exceto ela. Também disse que, no dia seguinte, iriam todos juntos ao seu reino.
Se foram dormir e na manhã seguinte, quando o sol os despertou, chegou uma carruagem puxada por oito cavalos brancos com plumas de avestruz na cabeça. Estavam enfeitados com correntes de ouro. Atrás, estava o jovem escudeiro do rei, Henrique. Henrique havia sido tão desgraçado quando seu senhor foi convertido em sapo que colocou três faixas de ferro rodeando seu coração, para se acaso estalasse de pesar e tristeza.
A carruagem ia levar o jovem rei a seu reino. Henrique os ajudou a entrar e subiu atrás de novo, cheio de alegria pela libertação, e quando já chegavam a fazer uma parte do caminho, o filho do rei escutou um ruído atrás de si como se algo tivesse quebrado. Assim, deu a volta e gritou:
— Henrique, o carro está se rompendo.
— Não amo, não é o carro. É uma faixa de meu coração, a coloquei por causa da minha grande dor quando eras sapo e prisioneiro do feitiço.
Duas vezes mais, enquanto estavam no caminho, algo fez ruído e cada vez o filho do rei pensou que o carro estava rompendo, porém , eram apenas as faixas que estavam se desprendendo do coração de Henrique porque seu senhor estava livre e era feliz.
Irmãos Grim

O Resgate dos Filhotes
Sou Pongo e minha esposa Perdita. Temos quinze lindos filhotes. Uma noite saímos para dar um passeio, e dois homens maus chamados Alípio e Leitão roubaram nossos filhotes.
Usamos o Latido do Anoitecer para pedir ajuda a nossos amigos animais. Logo as notícias se espalharam pelo campo.
Um cão de caça chamado Towser soube das notícias a respeito de nossos filhotes. Ele contou a seus amigos: Capitão, Coronel e Sargento Neco. Eles decidiram ajudar a procurar os filhotes.
O Sargento Neco ouviu latidos em uma casa grande e velha. Ele foi investigar. Encontrou mais de quinze filhotes. Havia noventa e nove!
Quando soubemos das notícias, fomos em direção à casa.
Enquanto isso, nosso amigo, o Sargento Neco, com muita coragem começou a salvar os filhotes. Perdita e eu entramos em ação assim que chegamos. Os vilões não tinham nenhuma chance!
Graças a nosso novo amigo, nossos filhotes estavam a salvo.
E levamos também os outros filhotes para nossa casa.

Walt Disney

Tarzan
Numa noite de tempestade, perto da costa da África, um homem usou um barco a remo para salvar sua esposa e seu bebê de um naufrágio. Logo alcançaram a praia de uma ilha próxima e construíram uma casa em uma árvore para abrigar-se.
Nenhum outro ser humano vivia naquela ilha, cuja selva estava cheia de animais.
Um dia, uma gorila chamada Kala desgarrou-se do seu grupo. Ela estava muito triste, pois tinha perdido seu bebê para o maior inimigo dos gorilas, o leopardo fêmea Sabor.
Foi então que Kala ouviu o choro de outro bebê e, seguindo o barulho, encontrou à casa da árvore. Bastou apenas uma olhadela para ver que a maldita Sabor tinha passado também por ali.
Kala sabia que aquela criaturinha que deveria ter uma família, pois encontrou o retrato dos pais, precisava de cuidados.
Então, a aconchegou com bondade em seus braços fortes.
Quando Kala voltou para casa, os outros macacos olharam espantados para o pequeno humano.
— O que é essa coisa esquisita? - resmungou Terk, a filha de Kala.
— É um bebê - disse Kala. - Agora vou ser mãe dele também.
E, com cuidado, colocou o bebezinho nos braços de Terk.
— Ele não é igual a nós! - exclamou Kerchak, o chefe dos gorilas.
— Ele é um perigo para nossa família. Você tem de devolvê-lo!
Mas , Kala já estava muito apegada ao bebê e acabou convencendo Kerchak a deixá-la ficar com a criança. Deu-lhe o nome de Tarzan.
Um dia, quando tinha cinco anos, Tarzan provocou sem querer o estouro de uma manada de elefantes. Zangado, Kerchak reclamou de Tarzan, dizendo a Kala que ele jamais se adaptaria.
Tarzan ficou chateado e com raiva de Kerchak. Ficou também muito triste por perceber quanto era diferente dos outros gorilas. Kala logo compreendeu o sofrimento do filho. Com muito carinho, mostrou-lhe que, por dentro, eram iguais. Era isso que importava.
Tarzan estava decidido a provar seu valor a Kerchak. Queria ser o melhor gorila do mundo.
Com os hipopótamos, aprendeu a nadar. Com os macacos, a se balançar nos cipós.
Observando o chifre do rinoceronte, teve a idéia de criar uma ferramenta especial: uma lança.
Um dia, Kerchak travou uma grande batalha com Sabor. A fera assassina estava quase vencendo a luta quando Tarzan chegou para ajudar o gorila.
Derrotou Sabor e salvou Kerchak.
Os gorilas ficaram muito contentes! Kala estava orgulhosa. Finalmente, Kerchak aceitava Tarzan como membro da família!
De repente, ecoou pela selva um barulho terrível e nunca antes ouvido: tiros!
Kerchak imediatamente conduziu sua família para um lugar seguro. Mas, Tarzan ficou curioso. Correu para ver de onde tinha vindo aquele "trovão”.
Ficou chocado quando viu três criaturas muito parecidas com ele. As criaturas eram o professor Porter, sua filha Jane e o guia deles, Clayton. Os Porters tinham vindo para a África estudar gorilas.
Então, Jane foi atacada por um grupo de babuínos. Tarzan logo pulou num cipó para salvá-la!
Tarzan queria falar com Jane também. Pegou suavemente no queixo da moça e finalmente os dois se apresentaram.
Kerchak ordenou a Tarzan que ficasse longe daquelas criaturas estranhas e barulhentas. Mas, Tarzan queria saber mais a respeito delas.
No acampamento dos humanos, Tarzan aprendeu muitas coisas.Tarzan ensinou-lhes a dizer "Jane fica com Tarzan" na língua dos gorilas.
Kerchak estava furioso com a atitude de Tarzan, levando os humanos para ver os gorilas.
Os bebês macacos adoraram Jane!
Mas, Kerchak os atacou e Tarzan o segurou para que os humanos fugissem.
Kala ,então, resolveu contar a verdade levando Tarzan à casa da árvore para que ele soubesse da sua origem e pudesse escolher: viver com os macacos ou com os humanos.
Tarzan escolheu Jane!
E todos assistiram à partida do amigo. Estavam mais tristes do que zangados.
A bordo do navio, Tarzan teve uma surpresa desagradável. Clayton assumiu o comando e deixou-o todo prisioneiros.
Quando soube do plano para capturar macacos, Tarzan deu um grito terrível.
Os amigos da selva vieram todos ajudar Tarzan a salvar os gorilas das garras de Clayton.
Jane e Porter também vieram ajudar os amigos.
De repente, Clayton atira em Kerchak. Antes de morrer, desculpa-se e pede ao filho que cuide da família, porque de agora em diante, ele seria o grande líder.
E, assim, todos ficaram juntos e viveram felizes para sempre.
Wal Disney

O Lobo e os sete cabritinhos
“Era uma vez uma cabra que tinha sete cabritinhos. Ela os amava com todo o amor que as mães sentem por seus filhinhos. Um dia, ela teve que ir à floresta em busca de alimento. Então, chamou os cabritinhos e lhes disse”:
— Queridos filhinhos, preciso ir à floresta. Tenham muito cuidado por causa do lobo. Se ele entrar aqui, vai devorá-los todos. É seu costume disfarçar-se, mas vocês o reconhecerão pela sua
voz rouca e por suas patas pretas.
Os cabritinhos responderam:
— Querida mãezinha, pode ir descansada, pois teremos muito cuidado.
A cabra saiu e foi andando despreocupada. Não se passou muito tempo e alguém bateu à porta dizendo:
— Abram a porta, queridos filhinhos. A mamãe está aqui e trouxe uma coisa para cada um de vocês.
Os cabritinhos perceberam logo que era o lobo, por causa de sua voz rouca, e responderam:
— Não abriremos a porta, não! Você não é nossa mãezinha. Ela tem uma voz macia e agradável. A sua é rouca. Você é o lobo!
O lobo, então, foi a uma loja, comprou uma porção de giz e os comeu para amaciar a voz.
Voltou à casa dos cabritinhos, bateu à porta, e disse:
— Abram a porta, meus filhinhos. A mamãe já voltou e trouxe um presente para cada um de vocês.
Mas , o lobo tinha posto as patas na janela e os cabritinhos responderam:
— Não abriremos a porta, não! Nossa mãe não tem patas pretas como as suas. Você é o lobo.
O lobo foi à padaria e disse ao padeiro:
— Tenho as patas feridas. Preciso esfregá-las em um pouco de farinha. O padeiro pensou consigo mesmo: "O lobo está querendo enganar alguém". E recusou-se a fazer o que ele pedia. O lobo, porém, ameaçou devorá-lo e o padeiro, com medo, esfregou-lhe bastante farinha nas patas.
Pela terceira vez, foi o lobo bater à porta dos cabritinhos:
— Meus filhinhos, abram a porta. A mãezinha já está aqui, de volta da floresta, e trouxe uma coisa para cada um de vocês.
Os cabritinhos disseram:
— Primeiro, mostre-nos suas patas, para vermos se você é mesmo nossa mãezinha.
O lobo pôs as patas na janela e, quando eles viram que eram brancas, acreditaram e abriram a porta.
Mas, que surpresa!!! Ficaram apavorados quando viram o lobo entrar.
Procuraram esconder-se depressa. Um entrou debaixo da mesa; outro se meteu na cama; o terceiro entrou no fogão; o quarto escondeu-se na cozinha; o quinto, dentro do guarda-louça; o sexto, embaixo de uma tina, e o sétimo, na caixa do relógio. O lobo os foi achando e comendo, um a um. Só escapou o mais moço, que estava na caixa do relógio.
Quando satisfez o seu apetite, saiu e, mais adiante, deitou-se num gramado. Daí a pouco, pegou no sono. Momentos depois, a cabra voltou da floresta. Que tristeza a esperava! A porta estava escancarada. A mesa, as cadeiras e os bancos, jogados pelo chão. As cobertas e os travesseiros, fora das camas. Ela procurou os filhinhos, mas não os achou. Chamou-os pelos nomes, mas não responderam. Afinal, quando chamou o mais moço, uma vozinha muito sumida respondeu:
— Mãezinha querida, estou aqui, no relógio.
Ela o tirou de lá, e ele lhe contou tudo o que havia acontecido. A pobre cabra chorou ao pensar no triste fim de seus filhinhos!!! Alguns minutos depois, ela saiu e foi andando tristemente pela redondeza. O cabritinho acompanhou-a. Quando chegaram ao gramado, viram o lobo dormindo, debaixo de uma árvore. Ele roncava tanto que os galhos da árvore balançavam. A cabra reparou que alguma coisa se movia dentro da barriga do lobo.
— Oh! Será possível que meus filhinhos ainda estejam vivos, dentro da barriga do lobo? pensou ela falando alto.
Então, o cabritinho correu até sua casa e trouxe uma tesoura, agulha e linha. Mal a cabra fez um corte na barriga do lobo malvado, um cabritinho pôs a cabeça de fora. Ela cortou mais um pouco e os seis saltaram, um a um. Como ficaram contentes!!! Cada qual queria abraçar mais a mamãe. Ela também estava radiante, contudo, precisava acabar a operação antes que o lobo acordasse. Mandou que os cabritos procurassem umas pedras bem grandes. Quando eles as trouxeram, ela as colocou dentro da barriga do bicho e coseu-a rapidamente. Daí a momentos, o lobo acordou. Como sentisse muita sede, levantou-se para beber água no poço. Quando começou a andar, as pedras bateram, umas de encontro às outras, fazendo um barulho esquisito. O lobo pôs-se a pensar:
"Estavam bem gostosinhos Os cabritos que comi. Mas depois, que coisa estranha! Que enorme peso senti!”
Quando chegou ao poço e se debruçou para beber água, com o peso das pedras, caiu lá dentro e morreu afogado. Os cabritinhos, ao saberem da boa notícia, correram e foram dançar, junto ao poço, cantando, todos ao mesmo tempo”:
"Podemos viver, Sem ter mais cuidado. O lobo malvado morreu, No poço afogado.”
Irmãos Grimm

Dumbo
E as cegonhas sobrevoavam o alojamento de um circo de inverno à procura das mães dos filhotes que carregavam em seus enormes bicos.
Todas ganhavam, a mamãe girafa, a mamãe ursa, a mamãe hipopótamo, só Dona Jumbo, a mamãe
elefante não ganhou seu filhote tão esperado.
Assim o circo embarca trazendo muita diversão.
De repente, uma cegonha um pouco atrasada, chega trazendo o tão esperado filhote de Dona Jumbo.
Puxa, que alegria! Jumbo Júnior era o seu nome.
— Mas que orelhas! disse uma companheira da Sra Jumbo. O seu nome será Dumbo!
Não importava, Dumbo ou Jumbo Júnior, era o filhote mais querido e esperado. Dona Jumbo tratava-o com muito carinho!
E assim a Sra. Jumbo e Dumbo passaram a noite mais feliz de suas vidas. Mãe e filho, juntos.
No dia seguinte, o público começou a chegar para o grande espetáculo.
Dumbo chamou muito a atenção de todos, pois sua orelha era enorme mesmo. As crianças começaram a zombar de Dumbo e como toda mãe, Dona Jumbo foi defender seu filhote daquela zombaria, mas se excedeu demais. Acabou indo para solitária Pobre Dumbo, ficou só. As companheiras da Sra Jumbo, ignoravam o elefantinho que precisava apenas de um pouco de atenção.
Mas Timóteo, um simpático ratinho, estava sentado comendo as sobras de amendoim deixadas pelo público, observava tudo e ficou indignado com a atitude daqueles paquidermes e resolveu ajudar Dumbo.
Tornou-se o melhor amigo de Dumbo!
No dia seguinte, o número que os elefantes iriam apresentar seria a formação de uma pirâmide e no topo Dumbo seria lançado. Timóteo como seu amigo, deu-lhe a maior força, mas foi um desastre!
Dumbo então foi transformado em um palhaço!
Mas Dumbo estava muito triste, pois ele era um elefante e não um palhaço! E timóteo para reanimá-lo conseguiu que Dumbo fosse ver sua mãe na solitária.
Sra. Jumbo naquela noite ninou o seu bebê!
Sem querer os dois amigos vão parar em cima de uma árvore, onde estavam sendo observados pelos corvos.
Timóteo então descobriu que eles poderiam ter voado!
— Você pode voar, suas orelhas são perfeitas asas - disse Timóteo!
Dumbo, então, é incentivado a voar pelos corvos que lhe dão uma pena e Timóteo dizia ser a pena mágica.
— Voe, voe, bata as asas, vamos! Você pode! Você pode! - gritava Timóteo!
Finalmente, Dumbo voou!
No dia seguinte, Dumbo transforma-se na principal atração do circo.
Usando suas orelhas, ele faz o que nenhum outro elefante conseguiu: voar! Agora, Dumbo é um verdadeiro herói e brilha como a estrela voadora do circo, trazendo alegria e diversão para todos.
Walt Disney

Robin Hood
— “Escutem! Escutem a história de Robin Hood”.
Ele defende as pessoas pobres e as infelizes, de um príncipe malvado que sempre tira seu dinheiro.
— “Silêncio ! - diz Robin Hood a seu amigo João pequeno. O que você está escutando?”.
— É o som de um tambor.”
Aproxima-se uma grande carruagem puxada por elefantes. O que tem atrás de suas cortinas fechadas?
— Seguramente, um homem importante!- diz João Pequeno.
— Só pode ser o Príncipe! - responde Robin Hood.
No interior da carruagem, o Príncipe está brincando diante de seu amigo Sir Chio.
Ele brinca com suas moedas de ouro.
— Vamos nos disfarçar de ciganos?- diz Robin para João Pequeno.
O Príncipe viu os ciganos e fez sua carruagem parar.
— Você, pequena, encoberta com um lenço de bolinhas, venha prever o meu futuro".
Robin está dentro da carruagem. . . E João Pequeno está embaixo do cofre. Ele o abre e o esvazia.
João Pequeno escondeu o ouro dentro de seu colete. Ele corre. Hop! Hop! Hop! Tão rápido, que Robin Hood, encoberto com o lenço de bolinhas, salta da carruagem.
— Ladrões! Ladrões! Socorro!
— Eles me roubaram! - grita o Príncipe.
— Vamos pegá-los!
— Vamos recuperar o roubo!
— Meu ouro! Eles carregam meu tesouro! Roubaram todo meu tesouro!
— Meu ouro! Meu ouro! Onde está meu ouro?
Eis o príncipe deitado no barro, enlameado, sujo e triste!
— Trala-lá, você caiu por terra! Bem feito para você! Viva Robin e João Pequeno! -exclamam as pessoas. Eles vêm nos entregar o dinheiro.
— Cantemos!
— Dancemos!
— Que todos estejam contentes!
— Agora é festa!
Walt Disney

A Bela e a Fera
Era uma vez... um comerciante que morava com sua filha, uma moça chamada Bela, que gostava muito de ler.
Em certa ocasião, quando o pai voltava de uma viagem muito distante, anoiteceu e ele perdeu o caminho. Como não sabia o que fazer, o homem deixou-se guiar pelo cavalo. Depois de um certo tempo, chegaram a um palácio que parecia abandonado. O comerciante refugiou-se ali para passar a noite.
No dia seguinte, cortou uma rosa do jardim para levar a sua filha. Apareceu, então, uma fera rugindo, um ser selvagem e monstruoso que disse:
— Morrerás por roubar as rosas do meu jardim!
Aterrorizado, o pobre homem suplicou:
— Deixa que me despeça da minha filha.
A Fera concedeu-lhe o pedido. De volta a sua casa, contou o ocorrido a sua filha. Sem medo, ela decidiu voltar ao palácio com o pai.
Uma vez no palácio da Fera, Bela tomou coragem e fez uma proposta:
— Deixa meu pai ir embora. Eu ficarei no lugar dele.
Bela tinha medo de morrer, mas podia perceber que a Fera a tratava bem, permitindo-lhe inclusive ler na biblioteca do castelo.
Com o passar dos dias, o monstro apaixonou-se por Bela, e numa noite pediu-a em casamento. Bela não aceitou, mas ofereceu sua amizade.
Um dia, Bela pediu permissão à Fera para visitar o seu pai.
— Voltarei logo - prometeu.
A Fera, que nada lhe podia negar, a deixou partir. Bela passou muitos dias cuidando de seu pai, que estava doente, tinha envelhecido de tristeza pensando que tinha perdido a filha para sempre.
Quando Bela retornou ao palácio, encontrou a Fera no chão meio morta de saudade por sua ausência. Então Bela ,soube o quanto era amada.
— Não morras, caso-me contigo - disse-lhe chorando.
Comovida, Bela o beija... ... E, nesse momento, o monstro transformou-se num belo príncipe. Uma bruxa o havia enfeitiçado até que alguém o amasse. A verdadeira beleza está no coração.
Clássicos de Ouro
Cachinhos de Ouro
Era uma vez... uma menina chamada Cachinhos de Ouro. Ela gostava de passear pela floresta nas manhãs de primavera. Numa dessas manhãs, ela ia andando, andando, andando, quando avistou lá longe uma casinha. Curiosa, apressou o passo e logo, logo chegou bem perto.
Cachinhos de Ouro ficou encantada com a formosura da casa. Mas nunca imaginaria que ali moravam o Senhor Urso, a Dona Ursa e o filhote do casal, o Ursinho.
Cachinhos de Ouro, ao ver que a casa estava fechada, espiou pela janela e viu que não havia ninguém. Deu uma volta ao redor da casa e nada, ninguém... Então, ela teve a certeza de que os
donos daquela casa tinham saído.
Mas, ela não queria voltar pra casa sem ver o que havia dentro daquela casinha. E com um forte empurrão, conseguiu abrir a porta e entrou. Na sala, havia uma mesa com três pratos cheios de sopa. A menina, que estava com muita fome, sentou-se e rapidinho tomou a sopa.
Em seguida, ela sentou na cadeira do senhor Urso; depois, na cadeira da Dona Ursa e, por fim, na cadeirinha do Ursinho, que era a mais bonitinha e muito gostosa de se sentar. Logo que ela entou, ela começou a se espreguiçar. Ah! Ah! Foi quando a cadeirinha... ploft... quebrou, e a menina foi ao chão.
Daí, Cachinhos de Ouro foi até o quarto e lá viu três camas. Deitou na cama do senhor Urso, depois na cama de Dona Ursa. E a caminha do Ursinho, assim como a cadeirinha, parecia a mais gostosa de todas pra se dormir. Não parou para pensar. Deitou-se nela e acabou dormindo suavemente.
A família Urso, que despreocupada passeava pela floresta, resolveu voltar. Ao chegarem, logo perceberam que alguém tinha tomado a sopa toda. Aí o Ursinho exclamou:
— Alguém tomou a minha sopa!
Viram depois que alguém tinha sentado em todas as cadeiras da casa. E, imediatamente, o Ursinho berrou:
— Minha cadeirinha está quebrada!
Os três olharam muito espantados e foram juntos para o quarto pra ver se alguma coisa tinha acontecido ali também. E o Ursinho gritou logo:
— Tem alguém dormindo na minha caminha!
Com os gritos do Ursinho, Cachinhos de Ouro acordou muito assustada... Porque se viu frente a frente com toda a família Urso. Então, ela pulou da cama e, muito envergonhada, pediu desculpas e saiu correndo pra casa.
Clássicos de Ouro

Soldadinho de Chumbo
Era uma vez um menino que tinha muitíssimos brinquedos. Guardava todos no seu quarto e, durante o dia, passava horas e horas felizes brincando com eles.
Um dos seus brinquedos preferidos era o de fazer a guerra com seus soldadinhos de chumbo.
Colocava-os uns de frente para os outros e começava a batalha. Quando os ganhou de presente, se deu conta de que a um deles lhe faltava uma perna por causa de um defeito de fabricação.
Não obstante, enquanto jogava, colocava sempre o soldado mutilado na primeira linha, diante de todos, incentivando-o a ser o mais valente. Mas, o menino não sabia que os seus brinquedos durante a noite adquiriam vida e falavam entre eles, e, às vezes, ao colocar ordenadamente os soldados, colocava por descuido o soldadinho mutilado entre os outros brinquedos.
E foi assim que um dia o soldadinho pôde conhecer uma gentil bailarina, também de chumbo. Entre os dois se estabeleceu uma corrente de simpatia e, pouco a pouco, quase sem se dar conta, o soldadinho se apaixonou por ela. As noites continuavam rapidamente, uma atrás da outra, e o soldadinho apaixonado não encontrava nunca o momento oportuno para declarar seu amor.
Quando o menino o deixava no meio dos outros soldados em uma batalha, torcia para que a bailarina se desse conta do sua coragem pela noite, quando ela lhe perguntava se tinha tido medo, ele lhe respondia com veemência que não.
Mas, os olhares insistentes e os suspiros do soldadinho não passaram despercebidos pelo diabinho que estava trancado em uma caixa de surpresas. Cada vez que, por um passe de mágica, a caixa se abria à meia-noite, um dedo ameaçador apontava para o pobre soldadinho.
Finalmente, uma noite, o diabo explodiu:
— Hei, você! Deixe de olhar para a bailarina!
O pobre soldadinho ruborizou-se , mas a bailarina, muito gentil, o consolou:
— Não lhe dê ouvidos, é um invejoso. Eu estou muito feliz por falar com você.
E disse isso se ruborizando.
Pobres estatuazinhas de chumbo, tão tímidas, que não se atrevem a confessar seu mútuo amor!
Mas um dia foi separado, quando o menino colocou o soldadinho no batente de uma janela.
— Fique aqui e vigie para que não entre nenhum inimigo, porque mesmo que você seja manco, bem que pode servir para sentinela.
O menino logo colocou os outros soldadinhos em cima de uma mesa para brincar.
Passavam os dias e o soldadinho de chumbo não era deslocado do seu posto de guarda.
Uma tarde, começou de repente uma tormenta, e um forte vento sacudiu a janela, batendo na figurinha de chumbo, que se precipitou no chão. Ao cair do batente, com a cabeça para baixo, a baioneta do fuzil se cravou no chão. O vento e a chuva continuavam. Uma tempestade de verdade!
A água, que caía a cântaros, logo formou amplas poças e pequenos riachos que escapavam pelo esgoto. Um grupo de garotos esperava que a chuva diminuísse, cobertos na porta de uma escola próxima. Quando a chuva parou, começaram a correr em direção às suas casas, evitando pôr os pés nas poças de lama maiores. Dois garotos refugiaram-se das últimas gotas que escorriam dos telhados, caminhando muito próximos às paredes dos edifícios.
Foi assim que viram o soldadinho de chumbo enterrado no chão, encharcado de água.
— Que pena que só tenha uma perna! Se não, eu o levaria para casa - disse um deles.
— Vamos levá-lo assim mesmo, para algo servirá - disse o outro, e o colocou em um dos bolsos.
No outro lado da rua, descia um riachinho, que transportava um barquinho de papel que chegou até ali, não se sabe como.
— Colocamo-lo em cima e parecerá um marinheiro! - disse o pequeno que o havia recolhido.
E foi assim que o soldadinho de chumbo transformou-se em um navegante. A água vertiginosa do riachinho era engolida pelo esgoto, que acabou engolindo também o barquinho. No canal subterrâneo o nível das águas turvas era alto.
Enormes ratazanas, cujos dentes rangiam, viram como passava diante delas o insólito marinheiro em cima do barquinho afundando. Mas, não fazia falta umas míseras ratazanas para assustá-lo, a ele que havia enfrentado tantos e tantos perigos em suas batalhas!
O esgoto desembocava no rio, até que o barquinho chegou ao final e afundou, sem solução, empurrado por redemoinhos turbulentos.
Depois do naufrágio, o soldadinho de chumbo acreditou que seu fim estava próximo, ao se submergir nas profundezas das águas. Milhares de pensamentos passaram, então, pela sua mente, mas, sobretudo, havia um que lhe angustiava mais que nenhum outro: era o de não voltar a ver jamais a sua bailarina...
Logo, uma boca imensa o engoliu para mudar seu destino. O soldadinho encontrou-se no escuro estômago de um enorme peixe, que avançou vorazmente sobre ele, atraído pelas cores brilhantes do seu uniforme.
Sem dúvida, o peixe não teve tempo de ter problemas de digestão com uma comida tão pesada, já que em pouco tempo foi preso pela rede que um pescador havia jogado ao rio.
Pouco depois, acabou agonizando em uma cesta de compra, junto com outros peixes tão infelizes como ele. Acontece que a cozinheira da casa na qual havia estado o soldadinho chegou ao mercado para comprar peixe.
— Esse exemplar parece apropriado para os convidados desta noite - disse a mulher, contemplando o peixe exposto em cima de um balcão.
O peixe acabou na cozinha, e, quando a cozinheira o abriu para limpá-lo, ficou surpresa com o soldadinho em suas mãos.
— Mas esse é um dos soldadinhos de...! - gritou, e foi em busca do menino para contar-lhe onde e como havia encontrado seu soldadinho de chumbo que estava sem uma perna.
— Sim, é o meu! - exclamou espantado o menino ao reconhecer o soldadinho mutilado que havia perdido.
— Quem sabe como chegou até a barriga deste peixe! Coitadinho, quanta aventura haverá passado desde que caiu da janela! - e o colocou na estante da chaminé onde sua irmãzinha havia colocado a bailarina.
Um milagre havia reunido de novo os dois apaixonados. Felizes de estar outra vez juntos, durante a noite contavam o que havia acontecido desde a sua separação.
Mas, o destino lhes reservava outra surpresa ruim: um vendaval levantou a cortina da janela, e, batendo na bailarina, derrubou-a na lareira.
O soldadinho de chumbo, assustado, viu como sua companheira caía. Sabia que o fogo estava aceso porque notava seu calor. Desesperado, sentia-se incapaz de salvá-la.
Que grande inimigo é o fogo, que pode fundir umas estatuazinhas de chumbo como nós!
Balançando-se com sua única perna, tratou de mover o pedestal que o sustentava. Depois de muito esforço, acabou finalmente caindo também ao fogo. Juntos dessa vez pela desgraça, voltaram a estar perto um do outro, tão perto que o chumbo de suas pequenas pernas, envolto em chamas, começou a fundir-se.
O chumbo da perna de um se misturou com o do outro, e o metal adquiriu surpreendentemente a forma de um coração.
Seus corpinhos estavam a ponto de se fundir, quando coincidiu passar por ali o menino. Ao ver as duas estatuazinhas entre as chamas, empurrou-as com o pé longe do fogo. Desde então, o soldadinho e a bailarina estiveram sempre juntos, tal como o destino os havia unido: sobre apenas uma perna em forma de coração.
Hans Christian Andersen

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