A LEBRE E A TARTARUGA
Uma lebre vangloriava-se de sua rapidez, perante os outros animais:
— Nunca perco de ninguém. Desafio a todos aqui a tomarem parte numa corrida comigo.
— Aceito o desafio! Disse a tartaruga calmamente.
— Isto parece brincadeira. Poderia dançar à sua volta, por todo o caminho, respondeu a lebre.
A um sinal dado pelos outros animais, as duas partiram. A lebre saiu a toda velocidade.
Mais adiante, para demonstrar seu desprezo pela rival, deitou-se cochilou. A tartaruga continuou
avançando, com muita perseverança. Quando a lebre acordou, viu-a já pertinho do ponto final e não teve tempo de correr, para chegar primeiro.
Moral da história: Com perseverança tudo se alcança.
Esopo
A GANSA QUE PUNHA OVOS DE OURO
Uma cabra e um asno comiam ao mesmo tempo no estábulo. A cabra começou a invejar o asno porque acreditava que ele estava mais bem alimentado, e lhe disse:
— Tua vida é um tormento inacabável. Finge um ataque e deixa-te cair num fosso para que te dêem umas férias.
Aceitou o asno o conselho, e deixando-se cair, machucou todo o corpo.
Vendo-o amuado, chamou o veterinário e lhe pediu um remédio para o pobre. Prescreveu o curandeiro que necessitava uma infusão com o pulmão de uma cabra, pois era muito eficiente para devolver o vigor. Para isso então degolaram a cabra e assim curaram o asno.
Moral da história: Em todo plano de maldade, a vítima principal sempre é seu próprio criador.
Esopo
A Raposa e a Serpente
Havia uma figueira à margem de um caminho. Uma raposa viu junto a ela uma serpente adormecida. Vendo aquele corpo tão largo, e pensando em igualá-lo, se deitou à raposa no chão, ao lado da serpente, e tentou estirar-se o quanto pôde, até que por fim, de tanto esforço, rebentou-se.
Moral da história: Não imites os maiores se não tens condições de fazê-lo.
Esopo
A Gata e Afrodite
Uma gata que se apaixonara por um fino rapaz pediu a Afrodite para transformá-la em mulher. Comovida por tal paixão, a deusa transformou o animal numa bela jovem. O rapaz a viu, apaixonou-se por ela e a desposou.
Para ver se a gata havia se transformado completamente em mulher, Afrodite colocou um camundongo no quarto nupcial.
Esquecendo onde estava, a bela criatura foi logo saltando do leito e pôs-se a correr atrás do ratinho para comê-lo. Indignada, a deusa fê-la voltar ao que era.
Moral da história: O perverso pode mudar de aparência, mas não de hábitos.
Esopo
A Raposa e o Lenhador
Uma raposa era perseguida por uns caçadores, quando viu um lenhador e suplicou que ele a escondesse. O homem então lhe aconselhou que entrasse em sua cabana.
De imediato chegaram os caçadores, e perguntaram ao lenhador se havia visto a raposa.
Com a voz ele disse que não, mas com sua mão disfarçadamente mostrava onde havia se escondido.
Os caçadores não compreenderam os sinais da mão e se confiaram no que disse com as palavras.
A raposa, ao vê-los irem, saiu sem dizer nada.
O lenhador a reprovou porque, apesar de tê-la salvo, não agradecera, ao que a raposa respondeu:
— Agradeceria se tuas mãos e tua boca tivessem dito o mesmo.
Moral da história: Não negues com teus atos, o que pregas com tuas palavras.
Esopo
O ADIVINHO
Acomodado em uma praça pública, um adivinho se ocupava em seu ofício. De repente aproximou-se dele um homem, avisando que as portas de sua casa estavam abertas e que haviam roubado tudo o que havia em seu interior. Levantou-se em um salto e correu, desengonçado e suspirando, para ver o que havia acontecido. Um dos que ali se encontravam, vendo-o correr lhe disse:
— Olhe, amigo! Tu que dizes prever o que ocorrerá aos outros, por que não previu o que se sucederia a ti?
Moral da história: Sempre há pessoas que pretendem controlar o que não lhes corresponde, mas não conseguem administrar suas próprias coisas.
Esopo
O camelo, o elefante e o macaco
Votavam os animais para eleger um rei. O camelo e o elefante se puseram a disputar os votos, já que esperavam ser preferidos por causa de seu tamanho e sua força. Porém, chegou o macaco e os declararam incapazes de reinar.
— O camelo não serve - disse - porque não se encoleriza contra os bandidos e o elefante tampouco nos serve porque teremos de temer o ataque do marrano, animal a quem teme o elefante.
Moral da história: A maior fortaleza sempre se mede no ponto mais fraco.
Esopo
O cão dorminhoco e o lobo
Como estava dormindo à porta de um estábulo, um cão foi surpreendido por um lobo que se lançou sobre ele, pronto para devorá-lo. Mas o cão lhe pediu para adiar o sacrifício:
— Agora - disse ele - estou raquítico e doente. Mas espera um pouco, meus donos estão para comemorar suas núpcias; comerei muito e, bem gordinho, serei para ti um prato delicioso.
O lobo acreditou nele e se foi. Alguns anos depois, ele voltou e viu que o cão estava dormindo no andar de cima da casa. De baixo, ele chamou:
— Lembras de mim - disse ele - daquilo que combinamos?
O cão então falou:
— Ô seu lobo, quando me vires de agora em diante dormir diante do estábulo, não esperes mais as núpcias.
Moral da história: Uma vez salvo do perigo, o homem sensato se previne para sempre.
Esopo
O camponês e os cães
Um camponês ficou preso em seu estábulo pela tempestade. Como não podia sair para procurar alimento, começou a comer seus carneiros. Como a tempestade continuasse, devorou as cabras. No terceiro dia, como não houvesse melhora, matou os bois de arado. Vendo-o agir assim, os cães falaram entre si:
— Vamos embora, pois se o nosso dono não hesitou em matar os bois, por que iria nos poupar?
Moral da história: Resguardemo-nos de quem não hesita em fazer o mal a seus próximos.
Esopo
Esopo
LOBO EM PELE DE CORDEIRO
Um dia, o lobo teve a idéia de mudar sua aparência para conseguir comida de uma forma mais fácil. Então, vestiu uma pele de cordeiro e saiu para pastar com o resto do rebanho, despistando totalmente o pastor. Para sua sorte, ao entardecer, foi levado junto com todo o rebanho para um celeiro. Durante a noite, o pastor foi buscar um pouco de carne para o dia seguinte. Chegando no celeiro, puxou a primeira ovelha que encontrou. Era o lobo fingindo ser um cordeiro.
Moral da história: Sempre que enganamos os outros, pagamos pelo nosso erro logo em seguida.
Esopo
A reunião geral dos Rato
Há muito tempo, em uma fazenda, um gato, ótimo caçador de ratos, andava fazendo um grande estrago entre a rataria. Caçava tantos ratos que os sobreviventes estavam quase morrendo de fome, pois tinham muito medo de sair de suas tocas.
Como o problema havia atingido grandes proporções, os ratos resolveram marcar uma assembléia para tentar encontrar uma saída.
Esperaram uma noite em que o gato dormiu profundamente no topo da chaminé e reuniram-se no celeiro. A apreensão era grande, todos estavam nervosos, mas um rato teve uma idéia e falou:
— A melhor maneira de nos defendermos é pendurarmos um sino no pescoço do gato.
Assim, quando ele se aproximar, escutaremos o sino e teremos tempo para fugir.
Foi uma grande festa. Todos adoraram a idéia e aprovaram com aplausos. Mas um rato mais velho, que estava em cima de um saco de milho, pediu a palavra e disse:
— A idéia é muito boa... é boa sim, mas... Quem é que vai pendurar o sino no pescoço do gato?
Silêncio geral. Um a um, os ratos foram se retirando, e acabou-se a assembléia geral dos ratos.
Moral da história: Falar é fácil, fazer é difícil!
Esopo, Adaptação de Monteiro Lobato
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