HORA DA BRINCADEIRA
A LÍNGUA QUE FALAMOS É ENGRAÇADA.
PRA PERCEBER, FIQUE DE ANTENA LIGADA.
NÃO SE PODE LEVAR TUDO AO PÉ DA LETRA,
SENÃO ACABA DANDO A MAIOR TRETA.
ABACAXI É COISA DIFÍCIL DE FAZER.
DAR BOLO EM ALGUÉM É NÃO APARECER.
PAULEIRA É CORRERIA; BATE-BOCA, DISCUSSÃO.
IR À FESTA SEM SER CONVIDADE É BICÃO.
CAIR COMO UM PATINHO É SER ENGANADO.
SUJEITO CARETA É UM CARA ANTIQUADO.
FAZER TRICÔ É O MESMO QUE FOFOCA,
UMA SITUAÇÃO COMPLICADA É BROCA.
FAZER SUCESSO É ABAFAR, ARREPIAR;
IR PARA O BELELÉU É FRACASSAR.
CHUTAR É AFIRMAR SEM TER CERTEZA,
VIVER À SOMBRA É QUERER MOLEZA.
BANHO É DERROTA, CABEÇA É CUCA,
PESSOA SEM PARAFUSO É MALUCA.
PREGUIÇOSO É QUEM FICA NA MACIOTA,
MENTIR É O MESMO QUE CONTAR LOROTA.
APROVEITAR É TIRAR UMA CASQUINHA.
ARRECADAR GRANA COM AMIGOS É VAQUINHA.
NECA É NADA, NA BUCHA É NO ATO,
DAR UMA DE BOBO É PAGAR O PATO.
COISA SEM VALOR É COISA MIXURUCA,
DESEJAR MAL PARA ALGUÉM É URUCA.
XAROPE É UMA PESSOA BEM CHATA,
CHUPIM É QUEM VIVE NA MAMATA.
DESAPARECER É TOMAR CHÁ DE SUMIÇO,
ESTAR FORA É NÃO ASSUMIR COMPROMISSO.
VELHO É O PAI, COISA PODE SER TRECO,
CONFUSÃO É SEMPRE PERERECO.
COLEGA DURO DE ATURAR É MALA,
CABULAR É FALTAR À AULA.
ESTUDAR A NOSSA LÍNGUA É MANEIRO.
BRINCAR COM PALAVRAS É RECREIO.
João Anzanello Carrascoza.
Revista Recreio. Era uma vez...
São Paulo: Abril, 2004. Edição Especial.
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